Páginas

terça-feira, 13 de abril de 2010

Pensamento Aristotélico

O Pensamento Aristótelico



Por: Robson Stigar


O PENSAMENTO ARISTÓTELICO


Introdução


            Segundo Aristóteles, a finalidade básica das ciências seria desvendar a constituição essencial dos seres, procurando defini-las em termos reais.Ao abordar a realidade, reconhecia a multiplicidade dos seres percebida pelos sentidos. Assim, tudo o que vemos, pegamos, ouvimos e sentimos é aceito como elemento da realidade sensível.


A substância e o acidente


             Conforme Aristóteles, o movimento e a transitoriedade ou mudança das coisas se resumem na passagem da potencia para o ato. Exemplo: a árvore que está sem flores, pode tornar-se, com o tempo, uma arvore florida. Ao adquirir flores, essa árvore manifesta em ato aquilo que já continha, intrinsecamente, em potência.  Por outro lado, utilizando ainda o exemplo da árvore, pode acontecer que em virtude de certas condições climáticas, uma árvore frutífera não venha a dar frutos (o que contraria a sua potência de dar frutos). Ou pode ser que as folhas da árvore se apresentam queimadas ou ressecadas, em conseqüência de um clima seco.

             Esses casos Aristóteles classificam como um acidente, ou seja, algo que não ocorre sempre, somente às vezes, por uma casualidade qualquer (no caso, a falta de chuva ou o excesso de calor). Assim, segundo Aristóteles, devemos distinguir também em todos os setores existentes: A substância  (aquilo que é estrutural e essencial do ser); O acidente   (aquilo que atributo circunstancial e não essencial do ser). A substância corresponde àquilo que mais intimamente o ser é em si mesmo. Os acidentes pertencem ao ser, mas não são necessários para definir a natureza própria de cada ser.


A lógica e as categorias


             A lógica mostra como procede o pensamento quando pensa, que é a estrutura do raciocínio, quais são seus elementos, como é possível apresentar demonstrações, que tipos e modos de demonstração existem de que é possível fornecer demonstrações e quando. Pois, a lógica Aristotélica, que pretende precisamente fornecer os instrumentos mentais necessários para enfrentar qualquer tipo de investigação. Ora, diz Aristóteles, “ das coisas ditas sem nenhuma conexão, cada qual significa a substância, a quantidade, a relação, o onde, o quando, o estar em uma posição , o ter, o fazer ou o sofrer”. Como se vê, trata-se das categorias que já conhecemos pela metafísica.

             Do ponto de vista metafísico, as categorias representam os significados fundamentais do ser, do ponto de vista lógico elas devem ser (conseqüentemente) os “gêneros supremos” aos quais deve-se reportar qualquer termo da proposição. Tomemos a formulação “Sócrates corre” e vamos decompô-la: obteremos “Sócrates”, que entra na categoria de substância, e “corre”, que se enquadra na categoria do “fazer”. Assim, se digo “Sócrates está agora no Liceu” e decomponho a formulação, “no Liceu” será redutível à categoria do “onde” ao passo que “agora” será redutível à categoria do “quando” e assim por diante.


O silogismo


            Aristóteles elaborou uma teoria do raciocínio como inferência. Inferir é tirar uma proposição  como conclusão de uma outra ou de varias outras proposições que a antecedem e são sua explicação ou sua causa.

            O raciocínio é uma operação de pensamento, realizada por meio de juízos e enunciada lingüística e logicamente pelas proposições encadeadas, formando um silogismo. Raciocínio e silogismo são operações mediatas de conhecimento, pois a inferência significa que só conhecemos alguma coisa (a conclusão) por meio ou pela mediação de outras coisas. A teoria Aristotélica do silogismo é o coração da lógica, pois é a teoria das demonstrações ou das provas, da qual depende o pensamento cientifico e filosófico.


O Deus de Aristóteles


            Esse Deus é ato puro: ele nada possui de virtude ou em potência. Nele tudo é atualizado, toda perfeição é acabada. Na medida em que é absolutamente desprovido de matéria, diferentemente de todos os outros motores e da própria alma, ele é absolutamente imóvel pantelo.

            Como está sempre em ato e jamais em potência, ele não poderia mover por contato, pois só um motor movido é que pode simultaneamente mover por contato.Ele é eterno, impassível, supremo inteligível e supremo desejável. Só em Deus se resume a antinomia Aristotélica entre o conhecimento que trata do geral e o real que é o individuo.

            Com efeito, se o ser supremo é em si e por si, necessariamente, ele é, portanto o próprio inteligível. Mas é também a individualidade perfeita e, por isto, eminentemente real.Deus, portanto, só pode pensar a si mesmo, ele é eternamente. Em sua perfeição, Deus ignora o mundo, é lhe radicalmente transcendente.


A ética e a política


            O que é a felicidade? Para a maior parte dos homens é o prazer, ou a riqueza; para alguns é, ao invés, a honra e o sucesso. Mas estes presumidos “bens” têm todos um defeito, isto é, põem o homem em dependência daquilo de que dependem (os bens materiais, o público etc), e, portanto, a felicidade ligada a tais coisas é totalmente precária e aleatória.

            O homem, enquanto ser racional, tem como fim a realização desta sua natureza especifica, e exatamente na realização na realização desta sua natureza de ser racional consiste sua felicidade.No homem tem notável importância alem da razão, os apetites e os instintos ligados à alma sensitiva. Tais apetites e instintos se opõem em si à razão, mas podem ser regulados e dominados pela própria razão.


O Estado Ideal


            Com efeito, escreve Aristóteles, podemos dizer que feliz e florescente é a Cidade Virtuosa. É impossível que tenha êxitos felizes quem não cumpre boas ações e nenhuma boa ação, nem de um indivíduo, nem de uma Cidade, pode realizar-se sem virtude e bom senso.

            O valor, a justiça e o bom senso de uma Cidade têm a mesma potência e forma cuja presença em um cidadão privado faz com que ele seja considerado justo, ajuizado e sábio. Os cidadãos (que, como sabemos, são aqueles que governam diretamente) serão guerreiros quando jovens, depois conselheiros e, quando velhos sacerdotes.

            Desse modo, serão adequadamente desfrutados, na justa medida, a força que há nos jovens e o bom senso que há nos velhos Por fim, como a felicidade da Cidade depende da felicidade dos cidadãos singulares, seria necessário tornar cada cidadão o mais possível virtuoso, mediante adequada educação.


Como ser Cidadão


            Aristóteles confirma, para ser cidadão é preciso participar da administração da coisa pública, ou seja, fazer parte das Assembléias que legislam e governa a Cidade e administram a justiça.

            Conseqüentemente, nem o colono nem o membro de uma Cidade conquistada podiam ser “cidadãos”. E nem mesmo os operários, embora livres, ou seja, mesmo não sendo cativos ou estrangeiros poderiam ser cidadãos, porque falta lhes o “tempo livre” necessário para participar da administração da coisa pública.

            Desse modo, os cidadãos revelam-se de numero muito limitado, ao passo que todos os outros acabam, de alguma forma, sendo meios que servem para satisfazer as necessidades dos primeiros. Para ele, o escravo é como que “um instrumento que precede e condiciona os outros instrumentos”, servindo para a produção de objetos e bens de uso, alem dos serviços.


O homem é um animal político


            Aristóteles considera o homem não só como um “animal racional”, mas também como “animal político” (um ser vivo não político pode ser apenas um animal ou então um deus).

            Por homem “político” Aristóteles entende não todos os homens sem distinção, mas (ligado ao estado político-social da sua época) aquele que goza plenamente dos direitos políticos e exerce em parte maior ou menor a administração da cidade. Por conseguinte, os colonos que não gozam de tais privilégios e os operários e camponeses não são considerados homens cidadãos propriamente ditos. Os escravos, que não gozam de qualquer direito, em certo sentido, não são considerados homens propriamente dito, mas apenas instrumentos animados.


Bibliografia


SEVERINO, Antonio Joaquim – Filosofia, Ed Cortez – São Paulo, 1995

ANTISERI, Reale Dario – Filosofia pagã antiga, Ed Paulus


Perfil do Autor



Licenciado em Ciências Religiosas; Licenciado em Filosofia; Bacharel em Teologia; Aperfeiçoamento em Sociologia Politica; Especialização em Filosofia; Especialização em História do Brasil; Especialização em Ensino Religioso; Especialização em Psicopedagogia; Especialização em Educação, Tecnologia e Sociedade; Especialização em Catequetica; MBA em Gestão Educacional; Mestrando em Ciências da Religião. Palavras Chave: Ciência da Religião; Ensino Religioso; Estética; Epistemologia; Ética; Fenomenologia; Filosofia da Religião; Fundamentalismo Religioso

(Artigonal SC #705567)


Fonte do Artigo - http://www.artigonal.com/ensino-superior-artigos/o-pensamento-aristotelico-705567.html


Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...