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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Luiz Leal - Médico e Político de envergadura moral

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Se fóssemos pronunciar algumas palavras a respeito de Luiz Leal, dele só poderíamos proferir palavras elogiosas. Seu legado é o da honestidade e retidão de caráter. Evidente que é uma espécie em extinção.

Faz parte de uma geração de políticos de mão cheia, perseguidos pelo regime militar instaurado em 1964.

Devotado às lutas populares, a liberdade e a democracia, iniciou sua vida política como vereador, destacando-se, pricipalmente, no episódio em que os ditadores queriam impedir o prefeito Virgildasio Sena de continuar sua boa administração. Impuseram à Câmara Municipal de Salvador o impedimento do Prefeito, ameaçando de prisão quem não atendesse às ordens emanadas dos quartéis.

Não pertencia ao partido de Virgildasio Sena, não era seu líder, mas diante das ameaças de sair dali preso e votar com a sua consciência, optou por sair com sua consciência afirmada e limpa. Foi um momento difícil, quando todos atendiam às imposições da ditadura. Ele não. Pediam-lhe que recuasse, que não se pronunciasse; mostravam-lhe as conseqências que sua atitude poderia resultar, mas ele permaneceu firme e convicto de que deveria cumprir o seu dever, seguindo os ditames da sua consciência: votou contra e disse: "É em momentos como este que um homem se afirma"!

Verdade! Foi emocionante assistir ele neste dia. Jeová de Carvalho e Guido Guerra nunca esqueceram tal momento, e eram capazes de pronunciar a sua declaração de voto, tantos anos depois do acontecimento. Foi um comportamento digno dos nossos antepassados, que afirmaram a independência do Brasil, através do nosso dia 2 de julho. Para as novas gerações, serve de exemplo de como um homem deve se comportar diante da adversidade. Como esquecer aquele dia de afirmação da nossa cidadania? Todos os que faziam oposição ao regime militar, ficaram com a alma lavada.

O preço que pagou foi o da perseguição política que culminou com a cassação do seu mandato político, em 1969. Ao ser anunciada sua cassação, pela TV, Josafá Marinho, Ignacio Gomes, Newton Macedo Campos e outros políticos, de grande valor, foram lhe hipotecar solidariedade. Dai em diante a vida seria muito dificil para ele e para a família. Sua esposa e filhos o apoiavam e sabiam das dificuldades que teriam que enfrentar. A luta pelas liberdades democráticas não estava encerrada para ele, proíbido que foi até de falar.

Um homem sob censura, impedido de trabalhar. Só poderia exercer a profissão de médico, o que fez com muita competência, formado que foi no ano de 1951, pela gloriosa Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. Entendemos que Luiz Leal encerra muito da nossa história, ainda recente, para ser contada. Foi um médico raro e que marcou sua época como médico de família. 

Ao lado de tantos outros nomes, foi um símbolo de resistência e da resistência democrática no Brasil.

Como médico conquistou algum patrimônio, na política saiu quase sem patrimônio. Ao contrário de hoje em dia. Certamente faz parte de uma geração de estadistas, como Rômulo Almeida, Waldir Pires, Ulysses Guimarães, Chico Pinto, Pedro Simon, Leonel Brizola, Virgildasio Sena, Mario Piva, Mario Alves, Rubens Paiva e outros tantos brasileiros devotados a causa da liberdade. Abaixo deixamos alguns poucos dados biográficos dele e que foram obtidos na home page da Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, onde foi deputado constituinte.

Dados Pessoais
Nome: Luiz da Costa Leal
Profissão: Médico
Nascimento: 1 de setembro de 1926, Salvador-BA
Filiação: Amélia Monteiro Leal e Herundino da Costa Leal
Cônjuge: Gilka Silva Leal
Filhos: Magali, Luís Filho, Maisa e Marcelo

Formação Educacional
Cursou o Primário no Colégio Olímpio Cruz, 1936, o Secundário no Colégio Carneiro Ribeiro, 1941 e Colégio da Bahia, 1944. Formou-se em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia-UFBA, Salvador, 1951. Especializou-se em Tracoma no Instituto de Saúde Sanitária, Recife-PE, 1952 e em Edemias Rurais, Belo Horizonte-BH, 1957. Curso de Desenvolvimento Integral na Arquidiocese da Bahia, 1970 e Administração Hospitalar, na Faculdade Bahiana de Medicina, Salvador.

Atividade Profissional
Servidor público, datilocopista de Delegacia do Trabalho da Bahia e inspetor de emigração substituto, de 1947 a 1952. Chefe do Posto de Tracoma, de Brotas de Macaúbas-BA, 1953-1956, transferido para Senhor do Bonfim-BA e depois para Santa Catarina, solicitou exoneração do serviço público federal. Em 1957, nomeado médico da Secretaria de Saúde Pública do Estado, serviu no 4º Centro de Saúde de Salvador, até 1985, nomeado Superintendente Regional do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social - INAMPS da Bahia, membro do Conselho Interinstitucional de Saúde - CIS, criou a Comissão Paritária - INAMPS/FETAG. Implantou o serviço de Anatomia Patalógica do Ana Nery; construiu o Posto de Assistência Médica Ambulatorial da Bahia - PAM; promoveu eleições diretas para escolha do diretor do Hospital Ana Nery; instalou no Palácio Florensilva, uma central de internamento do INAMPS. Secretário de Ação Social da Prefeitura de Salvador, 1995.

Mandato Eletivo
Eleito vereador pelo Partido Social Democrático - PSD, Salvador, 1963 - 1966. Suplente de deputado estadual pelo Movimento Democrático Brasileiro - MDB, 1967-1971, assumiu por diversos períodos. Cassado em 01/07/1969, pelo AI-5 e anistiado em 1979. Deputado estadual Constituinte pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB, 1987-1991.

Filiação Partidária
PSD, MDB; PMDB, PDT. Filiou-se ao PT juntamente com Magno Burgos e Waldir Pires. Se acolheram sua filiação e a de Magno Burgos, ninguém sabe informar. Felizmente ele sempre esteve acima de qualquer espécie de mentalidade provinciana. Sempre soube votar, escolher e recomendar seus candidatos. Sua eleção como deputado estadual constituinte foi emocionante, pois não possuia recursos, além daqueles permitidos em lei. Ainda, assim, foi o terceiro deputado mais votado da capital e o quinto do Estado da Bahia. Continua ao lado do presidente Lula, apoiando-o.

Atividade Partidária
Fundador, com outros companheiros, do MDB, da Bahia. 1º Vice-presidente da Comissão Executiva Regional Provisória da Bahia; presidente e secretário geral do PMDB da Bahia, da 1ª Comissão Regional e 2ª Convenção Regional, 1981 - 1982; líder do PSD, na Câmara Municipal de Salvador, 1963-1966. Cassado enquanto exercia a função de Deputado Estadual, pelo MDB; Presidente da Comissão Pró-Constituinte, 1987, coordenador do 1º Congresso Nacional dos Deputados Estaduais Constituintes, membro do Conselho Fiscal da União Parlamentar Interestadual, UPI; líder do Partido Democrático Trabalhista-PDT, Presidente da Comissão de Constituição e Justiça  ALBA, 1990.

Atividade Parlamentar
Na Assembléia Legislativa, presidente das Comissões: Especial da Ordem Econômica Social, Direitos Humanos e Meio Ambiente da Constituinte Nacional (1989); titular das Comissões: Constituição e Justiça (1987-1989); Saúde e Saneamento (1990); CPI da Violência (1990); suplente das Comissões: Finanças e Orçamento (1987) e Fiscalização e Controle (1989).

Condecorações
Comenda de Grande Oficial Ordem do Mérito da Bahia, 1990. Homenageado pelo Conselho Regional dos Produtores de Cacau - CNPC. Homenageado pelo CREMEB, Conselho Regional de Medicina da Bahia, juntamente com Dr. Rodolfo Teixeira, colegas de turma.

Prefeitura Municipal de Salvador:
Foi indicado Secretário de Ação Social, na gestão da Prefeita Lídice da Mata e ratificado no exercício da função, quando a prefeita quis efetuar uma reforma.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom post tio. Adorei ler sobre meu avô.

Vini

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