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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mãos dadas - Carlos Drummond de Andrade





Mãos Dadas 

Carlos Drummond de Andrade


Não serei o poeta de um mundo caduco.

Também não cantarei o mundo futuro.

Estou preso à vida e olho meus companheiros.

Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.

Entre eles, considero a enorme realidade.

O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,

Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,não distribuirei entorpecentes ou 

cartas de suicida,não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,a vida presente.







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