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quarta-feira, 23 de março de 2011

Jean de La Fontaine




SOLIDÃO, QUE ME DÁS...
Tradução Cláudio Veiga

Solidão, que me dãs um deleite profundo,
Sítios que sempre amei, não poderei jamais,
Bem longe dos salões, gozar de sombra e paz?
Quando vão me prender as guaridas amenas,
E poderão, longe dos paços, as Camenas
Me atrair e ensinar dos céus, do firmamento
O que aos olhos escapa - o errante movimento,
Os nomes e o valor dos astros peregrinos,
Por quem marcados são condutas e destinos?
Se ã vida não cheguei pra grandes aparatos,
Ao menos aprecie o encanto dos regatos!
Que em meu verso apareça uma veiga florida!
De ouro não tecerã a Parca a minha vida,
Eu nunca dormirei rodeado de lambris:
E, por isso, em meu leito, hei-de ser infeliz?
Menos profundo o sono e menor seu prazer?
Nos ermos, oblações lhe haverei de fazer.
Quando o instante vier de os mortos alcançar,
Sereno já vivi e morro sem pesar.

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